quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Uma em quatro mulheres relata maus-tratos durante o parto

Esse artigo saiu da Folha de São Paulo de hoje e se encontra no caderno "Cotidiano".
Fala de violência institucional no parto, descuprimento da "Lei do acompanhante", e fala da Humanização do parto como uma das prioridades do Ministério da Saúde desde 2004.
Reportagem de Laura Capriglione

          Chorando em um hospital, agulhada pelas dores das contrações do parto, mulheres brasileiras ainda têm de ouvir maus-tratos verbais como: "Na hora de fazer não chorou, não chamou a mamãe. Por que tá chorando agora?".
           De acordo com o texto, uma em cada quatro mulheres que deram à luz em hospitais públicos ou privados relatou algum tipo de agressão no parto, perpretada por profissionais de saúde que deveriam acolhê-la e zelar por seu bem-estar. São agressões que vão da recusa em oferecer algum alívio para a dor e xingamentos até gritos e tratamentos grosseiros com viés discriminatório.
           Os dados integram o estudo "Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado", realizado em agosto de 2010 pela Fundação Perseu Abramo e pelo Sesc e divulgado agora. A Folha obteve com exclusividade o capítulo "Violência no Parto", que pela primeira vez quantificou à escala nacional, a partir de entrevistas em 25 unidades da Federação e em 176 municípios, a incidência dos maus-tratos contra parturientes.

Editoria de Arte/Folhapress


terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A história do Presunto de Ação de Graças

          Madrugada de domingo, 3 hs, meu celular toca anunciando a chegada de mais um bebê. Pego a minha "mala do batman", e lá vou eu acompanhar a mais um sublime momento.
          Trabalho de parto tranquilo, em casa noite adentro, manhã, e fomos para o hospital, onde após 4 hs nasce Valentina, saudável, rosada, linda...3,115Kg, 49,5cml. Mas esse parto teve um gostinho diferente, prá mim, pra família, prá mãe, pro obstetra, e eu acredito que vai ficar marcado também na vida desse hospital. 
          Por que?
          Imaginem só, Em pleno século XXI, onde  infelizmente as cesáreas e as intervenções obstétricas dominam o meio, Valentina chegou ao mundo naturalmente, sem intervenções, com o respeito e dignidade que toda mulher e todo bebê deveriam ter.
          Mas de tudo isso, algo ficou marcado em mim, que acredito que vou carregar pro resto de minha vida e que mudou totalmente o meu conceito com relação ao obstetra que acompanhou o nascimento de Valentina.
          Após o nascimento, enquanto avaliávamos esse momento maravilhoso, entramos na questão da episiotomia de rotina, que se não fosse a conspiração do cosmos a nosso favor e a obstetra do pré natal  estar viajando e não assistr a esse parto, com certeza Bruna  teria sido submetida a uma, pois ao final da gestação a obstetra afirmou realizar rotineiramente por conta de uma gama de consequências provindas da não realização da episio e que  são totalmente contrárias às evidências científicas.
          Foi quando, após uma sequência de acontecimentos positivos advindos do obstetra, o que ja estava me deixando feliz e satisfeita, ele disse que não faz procedimentos por rotina, ou por fazer, mas avalia bem cada caso antes de fazer, e a partir disso, nos contou uma história que ilustra bem isso.

A História do Presunto de Ação de Graças

          Em uma casa, no dia de Ação de Graças, a mãe sempre fazia um presunto assado. Ela sempre cortava a ponta do presunto. A filha perguntou um dia: "Mamãe, porque você sempre corta a ponta do presunto?" A Mãe, desconcertada com a pergunta, pensa um pouco antes de responder: "Sua avó sempre cortava a ponta do presunto. Como eu cresci vendo ela fazer isso, eu faço também. Mas eu não sei o motivo."
          A curiosa e astuta menina, foi então perguntar à sua avó, porque cortava a ponta do presunto antes de assá-lo. Para a surpresa e decepção da menina, a avó deu a mesma resposta de sua mãe. A mãe de sua avó sempre cortava a ponta do presunto, por isso ela também cortava. Agora, a menina precisava ir mais afundo nisso e ligou para a sua bisavó. "Bisa, porque você cortava a ponta do presunto antes de assá-lo? Era porque sua mãe fazia isso também?" A bisavó, sorriu do outro lado da linha e respondeu: " Não minha bisnetinha. Eu cortava o presunto pois a assadeira que eu tinha era pequena demais e o presunto não cabia lá."

Bom acho que consegui transmitir o meu recado...
Parabéns Bruna, Parabéns Everton e Valentina, seja Bem Vinda!!!!
Tenha a certeza, de que você chegou fazendo a diferença!!!!!


sábado, 19 de fevereiro de 2011

Principais indicações das DesneCesáreas

          O índice de parto cesáreo no Brasil, em hospitais privados, alcança hoje a absurda e altíssima marca de 84% e  no setor público, 35%. 
          De acordo com dados de uma pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública com colaboração do Instituto Fernandes Figueira, da Fiocruz, e da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, 70% das mulheres desejam um parto normal, mas apenas 10% dessas mulheres conseguem.
          Se considerarmos que a Organização Mundial da Saúde recomenda que esse valor gire em torno de 10 a 15%, temos que admitir que alguma coisa está errada...ou com as mulheres, ou com o sistema.
          Sabemos que desde que o mundo é mundo, as mulheres têm seus bebês por via vaginal, de maneira natural, e estamos aí, vivos, saudáveis, inteiros...então temos que aceitar que o problema não é com as mulheres...estou errada?

          A Dra. Melânia Amorin , médica obstetra na Paraíba, elaborou uma lista muito interessante, que talvez nos ajude a compreender melhor esses números alarmantes, e a despertar nas mulheres uma visão que possibilite  ler nas entrelinhas sobre a conduta do médíco.

"Essa lista é fruto de minha participação, nos últimos meses, nessa e em outras comunidades que discutem gestação e parto, com a premissa básica de devolver à mulher a condição de protagonista desses momentos maravilhosos! Espero que, divulgando-a, vocês possam ampliá-la e contribuir para evitar, pelo menos, que as mulheres sejam ENGANADAS e conduzidas sob falsos pretextos para cirurgias desnecessárias."  Dra. Melania Amorim

"INDICAÇÕES" DAS DESNECESÁREAS: 

1. Circular de cordão, uma, duas ou três “voltas” (campeoníssima – essa conta com a cumplicidade dos ultra-sonografistas e o diagnóstico do número de voltas é absolutamente nebuloso)
2. Pressão alta
3. Pressão baixa
4. Bebê que não encaixa antes do trabalho de parto
5. Diagnóstico de desproporção céfalo-pélvica sem sequer a gestante ter entrado em trabalho de parto
6. Bolsa rota (o limite de horas é variável, para vários obstetras basta NÃO estar em trabalho de parto quando a bolsa rompe)
7. “Passou do tempo” (diagnóstico bastante impreciso que envolve aparentemente qualquer idade gestacional a partir de 39 semanas)
8. Trabalho de parto prematuro
9. Grumos no líquido amniótico
10. Hemorróidas
11. HPV
12. Placenta grau III
13. Qualquer grau de placenta
14. Incisura nas artérias uterinas (aliás, pra que doppler em uma gravidez normal?)
15. Aceleração dos batimentos fetais
16. Cálculo renal
17. Dorso à direita
18. Baixa estatura materna
19. Baixo ganho ponderal materno/mãe de baixo peso
20. Obesidade materna
21. Gastroplastia prévia (parece que, em relação ao peso materno, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come)
22. Bebê “grande demais”
23. Bebê “pequeno demais”
24. Cesárea anterior
25. Plaquetas baixas
26. Chlamydia, ureaplasma e mycoplasma
27. Problemas oftalmológicos, incluindo miopia e descolamento da retina
28. Edema de membros inferiores/edema generalizado
29. “Falta de dilatação” antes do trabalho de parto
30. Gravidez super-desejada (motivo pelo qual os bebês de proveta aqui no Brasil muito raramente nascem de parto normal)
31. Gravidez não desejada
32. Idade materna “avançada” (limites bastante variáveis, pelo que tenho observado, mas em geral, refere-se às mulheres com mais de 35 anos)
33. Adolescência
34. Prolapso de valva mitral
35. Cardiopatia (o melhor parto para as cardiopatas é o vaginal)
36. Diabetes
37. Bacia “muito estreita”
38. Mioma uterino
39. Parto “prolongado” ou período expulsivo “prolongado” (também os limites são muito imprecisos, dependendo da pressa do obstetra)
40. “Pouco líquido”
41. Artéria umbilical única
42. Ameaça de chuva/temporal na cidade
43. Obstetra (famoso) não sai de casa à noite devido aos riscos da violência no Rio de Janeiro
44. Fratura de cóccix em algum momento da vida
45. Conização prévia do colo uterino
46. Eletrocauterização prévia do colo uterino
47. Varizes na vagina
48. Constipação (prisão de ventre)
49. Excesso de líquido amniótico
50. Anemia
51. Data provável do parto (DPP) próximo a feriados prolongados e datas festivas

Fonte: Cesárea? Não, obrigada!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O desenvolvimento emocional do bebê

          Há algum tempo atrás, dizia-se que o desenvolvimento emocional do ser humano iniciava-se no momento de seu nascimento. Com o passar do tempo, e depois de muitas pesquisas tanto na área tecnológica como psicanalítica, foi concluído que o desenvolvimento do psiquismo humano tem início ainda no ambiente intra-uterino. Esse fato pode ser claramente comprovado observando-se a alternância de intensidade nos movimentos fetais, e nos batimentos cardíacos do bebê através da ultra-sonografia e da ecografia, de acordo com as alterações emocionais da própria mãe.
          Sendo assim, é de extrema importância para o seu desenvolvimento emocional, que o bebê se sinta querido, amado, desejado e participante da nova família.
          No ventre materno, o bebê tem acesso a determinados sons, que com o passar da gestação, tornam-se familiares a ele, tais como: os batimentos cardíacos da mãe, os sons da digestão, gases, a voz da mãe, pai e pessoas do convívio familiar, e alguns outros sons externos que mesmo um pouco abafados, continuam audíveis pelo feto.
          No caso de alguma alteração no estado emocional da mãe, esses sons se modificam, e há a produção alterada de hormônios e substâncias químicas, que ao penetrar na corrente sanguínea, ultrapassam a barreira placentária chegando ao feto fazendo com que o ambiente até então tranqüilo e confortável torna-se sombrio e ameaçador. Nesse momento, a mãe pode perceber claramente a mudança no comportamento do feto. Muitas vezes torna-se agitado demais como se estivesse tentando se defender, ou pára bruscamente os seus movimentos caindo em sono profundo como num mecanismo de fuga.
          Até o final do primeiro trimestre de gestação, o feto não sabe identificar ao certo alguns estados emocionais da mãe por imaturidade neurológica, porém os reconhece como sensações agradáveis ou não. Com o passar do tempo, e o amadurecimento do sistema nervoso, passa a identificar melhor essas emoções e reações provenientes do matroambiente.
          As emoções sentidas pela mãe são integralmente sentidas pelo bebê, causando muitas vezes um grande sofrimento e desconforto por parte do feto.
          Nesse momento é importantíssima a qualidade do vínculo afetivo firmado entre mãe e bebê, pois no caso de haver qualquer alteração emocional o bebê enviará uma resposta de desconforto, que prontamente será percebida pela mãe, e esta, tentará aliviar essa tensão no bebê, conversando com ele, fazendo um carinho no ventre, de modo que o ambiente intra-uterino volte a apresentar o conforto necessário para que o bebê se sinta amparado e protegido.
          A participação do pai e irmãos nessa busca pela tranqüilidade intra-uterina também é importante, pois além de o bebê se sentir desejado, amado e membro da família, facilita o reconhecimento paterno precoce e consequentemente a formação do vínculo familiar no bebê logo após o nascimento. Portanto, o pai e irmãos devem acariciar o ventre da mãe e conversar com o bebê o máximo que puderem.
          Um bebê gerado em ambiente tranqüilo, cercado de carinho e amor, no futuro se transforma em um ser humano mais seguro e confiante em si mesmo.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

A DOR DO PARTO


                Desde que o mundo é mundo, e citada inclusive na Bíblia “Parirás com dor”, a “temível” dor do parto está ali, presente.
            Mas será que é tudo isso mesmo? Será que a mulher precisa “sofrer” para parir o fruto de um amor?
            O primeiro passo é separar a “dor” do “sofrimento’, pois são coisas distintas.
Segundo a IASP (International Association for the Study of Pain), dor é definida como uma "experiência sensorial e emocional desagradável, associada a dano presente ou potencial, ou descrita em termos de tal dano". Sendo assim, observamos que existe sempre um componente subjetivo, individual, ou seja, de acordo com a história de vida de cada pessoa. Então, podemos concluir que cada um tem a “sua” dor e a percebe de maneira diferente.
            A dor pode levar a um sofrimento. O sofrimento está aliado a um conceito mais global, ou seja, “um sentimento negativo que prejudica a qualidade de vida do sofredor”.
            Então, baseados nessas definições, podemos concluir que podemos sentir dor sem sofrimento, como também podemos sofrer sem sentir dor, certo?
E é aí que chegamos na dor do parto.

            Diferente das outras, a dor associada às contrações é intermitente, ou seja, tem começo, meio e fim, apresentando um intervalo entre as contrações para um bom relaxamento.
            Como dito anteriormente, ela possui um caráter subjetivo, variando de mulher para mulher e até mesmo nos diversos partos de uma mesma mulher.
            É facilmente esquecida, não sendo considerada um acontecimento traumático
            Se faz muito importante durante um trabalho de parto, que se quebre o ciclo MEDO – TENSÃO – DOR.
E como se faz isso?
Se informando em fontes confiáveis, se preparando física e mentalmente,  buscando um profissional que respeite o seu tempo e o tempo de seu bebê, tendo o apoio de um acompanhante, a presença de uma doula, e principalmente acreditando na própria capacidade de parir, fazendo dessa dor, a sua aliada nesse momento.
Além disso, a dor pode ser amenizada com alguns métodos não farmacológicos.

      Controle da iluminação – A baixa luminosidade ajuda a relaxar e cria um ambiente confortável.
      Silêncio, privacidade, ambiente discreto – deixar que a mulher se sinta a vontade, permitindo uma maior concentração e interiorização
      Música - Relaxa
      Velas aromáticas
      Posicionamento – Algumas posições adotadas ajudam a acelerar o trabalho de parto, e amenizam a dor. Vale lembrar que cada mulher tem o direito de buscar e encontrar a “sua” posição
      Mobilidade – O movimento e fundamental para a evolução do trabalho de parto, e colabora para que a mulher busque a sua posição.
      Massagem – Ajuda a relaxar, e o toque proporciona uma excelente troca de energia
      Respiração – fundamental para a oxigenação do bebê, concentração e relaxamento
      Uso da água – a água é vida,  ajuda no relaxamento e ameniza a sensação dolorosa
      Relaxamento – é a base do trabalho de parto. Estando tranqüila, relaxada, a mulher tem um controle maior sobre a dor.
     Visualização  - Nada como “enxergar” o que está acontecendo dentro da gente e poder colaborar com a evolução do processo.

            E para quem já ouviu que a dor do parto é uma dor “insuportável”, segue o gráfico abaixo para sua informação...


            E com tudo isso, ainda existem mulheres que “fogem” da dor do parto e correm atrás de uma  intervenção cirúrgica de médio a grande porte, onde correm um risco alto e acabam passando por dor maior....dá prá entender???
            Em tempo...sempre que alguém disser a você que “sofreu” durante o trabalho de parto...avalie a situação e lembre da definição acima, ok?

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Humanizar é preciso

Hoje em dia muito se fala em humanização, porém ninguém sabe ao certo, qual a intensidade, a profundidade e a influência desse termo no atendimento a gestante.
Humanizar é muito mais que fazer um parto na penumbra, e depois colocar o bebê sobre o ventre da mãe. É muito mais que disponibilizar leitos em um hospital superlotado, para uma gestante em trabalho de parto e que necessita de uma internação de emergência. Vai além do atendimento individualizado e do alojamento conjunto. Supera o direito a seis consultas durante o pré-natal. O processo de humanização ultrapassa o limite da manobra física.
O termo “Humanizar”, de acordo com o dicionário Aurélio, entre algumas outras definições não relevantes para o momento, significa: “dar condição humana à”, e é a esse objetivo, essa condição, que as correntes em prol da humanização do parto e nascimento pretendem chegar, e num espaço bem curto de tempo.
Ao contrário do que muitos pensam, o processo de humanização, é um processo simples, não requer altos investimentos financeiros, e nem mudanças radicais no ambiente físico do nascimento. Requer apenas o bom uso da consciência com uma certa dose de bom senso. Resgatar a eficiência do primitivo com a qualidade e segurança do avanço científico. Voltar a ver o parto como um momento social, familiar e não médico-cirúrgico. Ver a gestante prestes a parir como uma mulher forte e saudável e  não como uma mulher enferma.
A mulher, principal peça no cenário do nascimento, é um animal racional, ou seja, um ser vivo dotado de físico e psique (mente). Corpo e mente trabalham simultânea e ininterruptamente. Sendo assim, humanizar o parto, é criar condições para que todas as dimensões do ser humano sejam prontamente atendidas e respeitadas: espirituais, psíquicas, biológicas, culturais e sociais. É dar às mulheres um atendimento personalizado, focado em suas necessidades, e não em crenças e mitos.
Vale lembrar, que o nascimento não é um mecanismo de “produção” de crianças. É um processo de criação. E para isso, é preciso que se respeite a individualidade e natureza de cada mulher. Se respeite a fisiologia de cada parto.
 As intervenções cirúrgicas foram criadas para corrigir patologias, e não aperfeiçoar a fisiologia.
Nós, mulheres, precisamos ter plena consciência disso, para começarmos a exigir nossos direitos com relação ao atendimento no momento do parto, tornando-nos assim, mais seguras, participativas e confiantes nesse tão sublime momento, que é o nascimento de um filho..

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A mágica da Diabetes Gestacional

Sociedade Brasileira de Diabetes
Por Carolina Coral  -  jornalista, faz mestrado em Estudos Culturais Latino Americanos na Universidade do Chile.

          Durante o sétimo mês da sua primeira gestação, a atriz e produtora de teatro Mariana C. C., de 30 anos, descobriu que estava com diabetes gestacional através do exame de curva glicêmica. Ela revela que foi olhar o resultado deste exame na internet e se assustou ao constatar que sua glicemia estava alta e principalmente que isto poderia afetar diretamente a saúde do bebê.
          A partir deste momento, percebeu que precisava buscar ajuda de especialistas, entre eles: endocrinologista, nutricionista e até mesmo um preparador físico que pudessem orientá-la nas mudanças de hábitos e a adaptação aos limites gerados pela doença.
          O endocrinologista Alexandre Hohl, médico da Mariana pontua que é fundamental o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar pré, trans e pós-parto. Explica também que durante a gravidez ocorre uma avalanche de hormônios como a progesterona e o estrogênio que provocam um aumento da glicose. O risco de uma gestante adquirir a diabetes gestacional é em média 10%, por isso para prevenir é preciso ir a um médico para medir a taxa de glicemia, que segundo os organismos mundiais de saúde deve estar abaixo de 140 mg/dL, após duas horas da refeição.
          Ressalta que a diabetes gestacional é diferente da pessoa que era diabética antes da gestação, ocorre principalmente em mulheres que já tenham uma pré- disposição familiar, que estejam acima de seu peso, além de já terem uma resistência à insulina antes da gravidez, pois é um fator que naturalmente piora durante a gestação. As complicações recorrentes da doença são aborto precoce, morte intra-uterina, má formação, entre outras.
          A atriz de 1,65 de altura conta que se tivesse mais claro os riscos de ter diabetes na gestação teria tomado certas precauções antes mesmo de engravidar como, por exemplo, ter reduzido seu peso de 75 kg.  As primeiras ações foram: cortar de imediato a fritura, o álcool, e o café, além do corte total de açucares, carboidrato branco e produtos industrializados; medidas que na verdade deveriam ser adotadas por todas as mulheres grávidas. No entanto, a dieta para uma gestante não é a mesma do que para uma pessoa comum, explica o endocrinologista, pois não é restritiva, mas sim prioriza uma nutrição adequada à mãe e ao bebê, que inclusive pode ser complementada com ácido fólico e poli-vitaminas.
          Antes da gestação Mariana fazia natação de modo irregular, após a constatação da doença passou a intensificar a prática regular de exercícios físicos realizando duas sessões de pilates por semana e três de hidroginástica, o que gerou a uma redução de sua massa corpórea mesmo no final da gestação, quando a maioria das grávidas costuma ter um aumento significativo do peso. Além disso, a atividade física proporcionou maior disposição, fortalecimento muscular, diminuição da ansiedade e melhora na qualidade de sono.
          As atividades físicas para uma gestante devem ser supervisionadas por profissionais especializados e devem beneficiar a mãe, sem colocar em risco o feto. Entre elas alongamento, pilates, ioga, hidroginástica, caminhadas leves em horários apropriados, basicamente atividades sem impacto no qual a mulher sinta prazer em realizar.
          Outra adaptação extremamente importante na rotina da jovem foi um controle maior na sua alimentação, que começou a consumir alimentos sem açúcar, sem gordura e menos sal. Pontua que foi fundamental a ajuda da família na reestruturação de todas as refeições diárias para que estas se tornassem mais saudáveis, como por exemplo, a troca de todos os produtos de carboidrato branco por alimentos integrais, que contribuem para saciar melhor a fome.
          A gestante ressalta que depois que se conhecem profundamente as necessidades e limitações da doença com relação ao aspecto da alimentação, ela descobriu que existe muitas opções de produtos para diabéticos como picolé, chocolates e tantos outros que ajudam a quebrar o galho quando o desejo de comer doce aperta.
          Medir a glicemia durante as refeições também ajudou Mariana a desenvolver uma autonomia com a relação à diabetes gestacional, pois proporcionou o conhecimento de quais alimentos alteravam sua taxa glicêmica, além das quantidades para manter-la numa taxa adequada. A consulta ao nutricionista foi fundamental para aprender a quantidade e as possíveis combinações de alimentos, o que proporcionou uma maior adesão nestas mudanças de hábitos, além de uma melhora significativa na pele e na diminuição até mesmo da celulite.
          Alexandre destaca que quando não funciona apenas a dieta agregada à atividade física é necessário iniciar o uso da insulina, adequado conforme a necessidade de cada paciente. Já existem tratamentos utilizando medicamentos orais na diabetes gestacional, mas que estes ainda não foram aprovados pelas agências reguladoras de saúde.
          Mariana C. C. após o parto terá que manter esta disciplina pelo menos durante os três meses seguintes para não tornar-se definitivamente diabética. De todo modo, ela destaca que pretende manter estes bons hábitos aprendidos para toda sua vida. A consciência da mamãe fez com que seu bebê Raul nascesse saudável, com 50 cm e 3 kg e 300 gramas e sem diabetes - que era um dos riscos que ele corria.
          Outro cuidado é que quando um filho nasce acima de 4 kg aumenta os riscos que na próxima gestação a mãe tenha novamente diabetes gestacional. Além disso, Hohl enfatiza a importância de um neonatologista que meça a glicemia do bebê nas primeiras horas pós-parto, e que também haja um controle para que não ocorra uma hipoglicemia no recém nascido.
          Emocionada Mariana confessa que o fato de saber que o bebê estava envolvido com a doença fez com que ela se cuidasse bem mais do que se fosse apenas sua saúde em risco. Hohl acrescenta que está é a mágica da diabetes gestacional, pois as mães fazem de tudo pelo seu bebê, até mesmo sacrifícios para beneficiá-lo.
          O endocrinologista pontua que uma diabetes gestacional bem cuidada, seguindo todas as recomendações não traz nenhuma consequência a mãe e seu bebê, mas sim pelo contrário, traz uma melhora substancial na qualidade de vida de ambos.

Mais de seus trabalhos: www.carolinacoral.com.br

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Doulas no Mais Você

         
          É sempre muito gostoso quando vemos a divulgação do trabalho da doula. Parabéns à amiga Mariana Mesquita, Marcele, Silvana, Maria Ilse, e a todas as mulheres que se dedicam e participam desse momento tão maravilhoso que é o nascimento. A gente sabe que de um jeito ou de outro, podemos fazer a diferença!!!